Capítulo XXXII

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Segui Sarah pelo caminho que antes percorremos de carro, observando seus tênis afundando na estrada, o que a fazia resmungar.
— Sarah, pretende voltar para casa a pé? Tem noção da distância? – corri para alcançá-la.
— Não se preocupe comigo. Fica com sua amiga padeira. – Sarah disse alto, sem me olhar.
— Ela não é padeira. Fica no balcão de atendimento. – respondi. Sarah parou, me encarou com os olhos semicerrados.
— Tanto faz, Ema.
— Sarah, por favor. Vamos conversar e tentar resolver essa situação da melhor forma. – parei à frente dela. — O Nicolas achou que ela estava interessada nele, por isso a convidou. – expliquei.
— Eu entendi, Ema, mas o que acontecerá agora? Ela claramente veio por você. – Sarah cruzou os braços, me encarando.
— Não vai acontecer nada. – respondi.
— Acha que ela vai querer dividir a barraca com o Nicolas? Só temos três barracas, Ema. E eu não vou dividir a barraca com alguém que quer foder com a minha namorada. – Sarah disse com ímpeto.
— Ei... – coloquei as mãos sobre os ombros de Sarah, olhando nos olhos dela. — Não vamos dividir a barraca com ninguém, ok? O Nicolas criou a confusão, então ele vai resolver.
Sarah respirou fundo e inclinou a cabeça levemente para baixo.
— Tá, eu estou sendo um pouco irracional. Não posso surtar só porque tem uma pessoa querendo dar para você. — Sarah aproximou o corpo do meu e encostou o queixo no meu ombro. — Você ficaria com ela se não estivesse comigo?
— Ô céus... É aquele tipo de pergunta com pegadinha? Você vai acreditar se eu disser que não?
— Ela é bonita, mas parece boazinha demais. – Sarah afastou o corpo para me olhar. — Não é o tipo certo de mulher para você.
— Qual é o meu tipo certo? – sorri discretamente olhando para Sarah.
— Eu. Inteligente... — Sarah segurou meu rosto. — Pirada e gostosa. — sorriu para mim.
— É, não posso dizer que está errada.
— Vou pedir desculpas pela situação. Se a sua "amiga" balconista quiser ficar, não vou me opor, mas vou poupá-la de ouvir os sons que sairão da nossa barraca mais tarde. – Sarah soltou meu rosto e dirigiu-se de volta para o grupo.
— Espero que eu não precise usar aquela corda. – murmurei.

***

Caminhávamos pela trilha, o céu estava tingido de laranja entre as copas das árvores. Eu liderava o grupo, seguida por Sarah, Nicolas e Gabriela. Mariana e Daniele tinham ficado para trás. O percurso transcorreu em silêncio, e ao chegarmos ao clarão, exaustos, soltei a mochila e me agachei para recuperar o fôlego.
— Tem algum lago por aqui? – indagou Sarah se aproximando.
— Sim, a uns 300 metros de distância. – respondi.
— Ema, vou procurar galhos secos para a fogueira. – anunciou Nicolas.
— Tudo bem, fique por perto. – olhei para ele. — Assovie se precisar de ajuda.
— Tá, Ema. – Nicolas afastou-se em direção à mata.
— É impressão minha ou seu amigo está agindo estranho? – Sarah observou Nicolas se afastar.
— Ele está chateado, logo volta a ser o velho Nick brincalhão. – levantei-me. — Precisamos escolher um bom lugar para a barraca. – olhei ao redor e percebi Gabriela se aproximando.
— Ema, eu não sei armar uma barraca. – disse ela, segurando o manual. — Isso parece tão confuso. Pode me ajudar?
— Ô, garota, você não sabe ler? – Sarah indagou, chateada.
— Sarah, todos nós precisamos ajudar em algo. Por que não escolhe um lugar para nossa barraca enquanto ajudo a Gabriela a montar a dela? – sugeri.
— Se ela encostar em você, nem vai precisar de barraca, pois vai acabar no fundo do lago. – Sarah avisou antes de seguir rumo às amigas.
— Nossa... – observei Sarah se afastar.
— Sua namorada parece tão patricinha. Duvido que vá se sujar ajudando a gente a montar as barracas. – Gabriela comentou.
— Você não a conhece, então prefiro que não faça julgamentos. – estendi a mão para pegar o manual.
— Olá, aventureiras. – Mariana se aproximava. — Fui escoteira, posso ajudar a Gabe a montar a barraca. – ela pegou o manual e rasgou-o ao meio, descartando-o no chão em seguida.
Agachei-me e recolhi os papéis.
— Sem sujeira, por favor. – pedi.
— Sarah e Daniele querem ver o lago. Leve-as até lá. – Mariana sugeriu. — Certa pessoa precisa esfriar a cabeça. Compreende?
— Sim. – respondi.
— Eu ajudo nossa amiga, Gabe. – Mariana apoiou o braço sobre os ombros de Gabriela e abraçou-a lateralmente.
— Ai... – Gabriela soltou um lamento de reclamação.
— Tá... Vou levá-las para ver o lago. – saí apressadamente encontrando Sarah e Daniele alguns metros à frente.
— Lamento interromper a sua "aula"... – Sarah fez aspas com os dedos. — Sobre barracas, mas a Mari tem mais conhecimento no assunto.
— Vamos. – estendi a mão para Sarah.
— Ainda estou considerando jogar aquela garota no fundo do lago. – Sarah segurou minha mão.
— Você é hilária. – Daniele riu. — Mas sinceramente, não deveria se preocupar. Imagino que ela teve meses, talvez anos, para levar a Ema para a cama, e não foi capaz. Você fez isso em dias. Quem é a minha gostosa?
— Espero que eu. – Sarah sorriu.
— Vamos ou não? – perguntei, observando-as.
— Não sou gostosa, amor? Posso refrescar sua memória no lago. – disse Sarah.
— Claro... Digo não! – agitei a cabeça negativamente. — Não me refiro ao fato de você não ser gostosa, porque de fato você é maravilhosa. Me refiro à proposta, não posso aceitar, ainda há muito trabalho pela frente.
— Ema, o intuito do acampamento é a diversão. Vá para o lago e mostre para essa advogada sexy como você só tem olhos para ela. Eu vou ficar aqui para ajudar a Mari. Não quero calos naquelas mãos macias. – disse Daniele.
— Já percebi que são três contra uma. Eu não tenho a menor chance de vencê-las. – respondi com um pequeno sorriso no rosto.
— Exatamente. – Sarah envolveu os braços em meu pescoço. — Vai precisar me trancar em uma cela se a tal Gabi continuar olhando para você. – me deu um selinho.
— Estou começando a achar que você está precisando de disciplina. – respondi. Sarah sorriu maliciosamente.
— Uh, a policial malvada vai me disciplinar? – perguntou Sarah envolvendo os dedos no cabelo da minha nuca.
Aproximei meus lábios do ouvido de Sarah e murmurei:
— Mais tarde, posso te mostrar como imobilizar um fugitivo.
— É mesmo? – Sarah mordeu o lábio inferior. — Acho que vai rolar uma perseguição na mata.
 

Continua...

O que essas duas vão aprontar?

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now