Capítulo CXIX

279 43 5
                                    

Nicolas parou o carro na entrada do condomínio de Sarah. Verônica estava no banco detrás, e certamente havia notado que o clima entre eu e Nicolas estava tenso, apesar das tentativas de disfarçar.
— Pronto, Ema. Está em casa. – disse Nicolas.
— Você não vai entrar? – perguntei.
— Não, posso colocar você e a Sarah em perigo. – disse ele, com uma pitada de ironia.
— Olha só, Nick... – soltei o cinto de segurança.
— Você começou isso, Ema. Não fui eu. – ele retrucou, interrompendo-me.
— Não se faça de ofendido. Você mentiu para mim. – respondi. — Me levou para um bordel. E agora acha que pode me tratar assim, só porque não quero me meter em problemas?
— É uma boate, Ema! – Nicolas insistiu. — Nenhuma das garotas é obrigada a estar lá.
— Tem certeza disso? Vi algumas delas, Nick. Pareciam jovens demais. Será que todas são maiores de idade? – olhei para trás, e Vanessa desviou o olhar. — Você sabe que há algo de errado naquele lugar, então, por favor, se gosta desse cabeça dura, faça-o se afastar daquele lugar. – implorei.
— Ema, não se meta na minha vida. –  Nicolas tirou o cinto de segurança, saiu do carro, deu a volta pela frente e abriu minha porta. — Saia, Ema. E não volte para a boate. Direi ao Tony que você não se adaptou.
— Qual o seu problema, Nicolas? –  desci do carro e fechei a porta. — Estou te alertando sobre o perigo que você está correndo, e em vez de me ouvir, você está zangado comigo?
— Sim, Ema. Estou furioso com você. – Nicolas me encarou. — Você praticamente me disse para abandonar Verônica.
— Não, eu não disse isso. – retruquei. — Falei para você não se prejudicar por causa dela. Acha que ela não sabe das coisas ruins que acontecem naquele lugar? – encarei-o.
— Vai acusá-la do quê agora? De cúmplice?
— Não, mas me diga uma coisa. Não é possível que somente eu tenha notado semelhanças entre Vanessa e o Tony. Ele é o pai dela, não é? – indaguei. — Verônica namorou o gerente da boate? Quantos anos ela tinha quando ficou grávida? Já se fez essas perguntas, Nick? Onde está o seu faro policial?
— Ema, cale a sua boca! – Nicolas esbravejou. — Vai cuidar da sua vida! Por que tem que ficar me atormentando? Vanessinha não tem pai, entendeu? E Verônica não tem nada a ver com o Tony, ela só dança. Entendeu?
— Ok. – ergui as mãos em sinal de rendição. — Continue com essa cegueira, se isso te faz sentir melhor.
O porteiro saiu da guarita.
— Oi, está tudo bem aí? – perguntou.
— Sim. – respondi.
— Eu já fiz a minha escolha, e pelo visto, você não vai me apoiar. – disse Nicolas.
— Por que está fazendo isso comigo, Nick? Estive sempre ao seu lado. Por que não me ouve? – agarrei a camisa dele e o sacudi. — Não posso perder você. Não posso... – respirei fundo, engolindo o choro. — Por favor, não volte para aquele lugar, estou te suplicando. Sei que algo está errado lá, e vou provar que estou certa.
— Você vai estragar tudo, Ema. Vai colocar sua vida em risco novamente. E vai arrastar outras pessoas para o buraco. Por que simplesmente não aceita que a vida não é um conto de fadas? Você não vai derrotar o pai de Sarah, não derrotou nem mesmo William. Você é apenas uma pessoa idealista. E espero que sua obstinação não te faça acabar em uma vala.
— Prefiro morrer fiel aos meus ideais do que me acovardar como você está fazendo. – soltei a roupa de Nicolas.
— Beleza, Ema. – Nicolas deu a volta pela frente do carro, entrou e ocupou o banco do motorista. Deu ré e saiu dirigindo. Agachei-me na calçada e levei as mãos à cabeça.
— Ema, está bem? Devo interfonar para Sarah? – perguntou o porteiro.
— Não... – ergui-me. — É só uma briga de irmãos. – suspirei. — Vai ficar tudo bem. – afirmei, apesar da incerteza.

CONTINUA...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora