Capítulo CVI

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Tomei um longo gole do café, sentindo o olhar penetrante de Mariana sobre mim. Eu estava recostada atrás da mesa, segurando o copo de café da Starbucks. Mariana estava posicionada ao lado da mesa, com seu corpo voltado na minha direção. A cor intensa dos seus olhos contrastava com o terninho preto que vestia seu corpo.
— Eu recomendo adicionar umas gotas de Jack Daniels nesse café. A cafeína vai te deixar elétrica, melhor optar pelo whisky ou por um calmante. – sugeriu Mariana com um tom sarcástico.
— Eu acho que guardei em algum lugar... – murmurei enquanto colocava o copo de café sobre a mesa e revirava uma das gavetas. — Eu não sou do tipo de pessoa que faz ameaças, mas nesse caso, vou mostrar ao meu pai o terreno perigoso em que ele está pisando.
— Mais calma, por favor? Parece que a massagem de ontem foi anulada pelo tumulto desta manhã. – comentou Mariana.
— Meu pai não atende minhas ligações. Nem ele, nem o maldito assessor. Ele sabe que estou irritada. –  bufei. — Como ele pode, Mari? Até quando minha família vai culpar a Ema pela morte do Alex?
— Até o fim dos tempos, Sarah. Você realmente acha que sua tia quer assumir que o próprio filho cavou sua própria cova? Alex teria morrido de overdose ou acabaria na prisão. Ema foi o bode expiatório perfeito. Sua família tem o costume de terceirizar a culpa. – respondeu Mariana com franqueza.
— Vou entrar em contato com a corregedoria... Até o Papa saberá que Ema está sendo injustamente perseguida. – declarei.
— O Sr. Secretário te ensinou muito bem. Determinada e implacável. – comentou Mariana, sorrindo. — Ele só não esperava que você se voltasse contra ele, não é mesmo?
— Eu nasci em um verdadeiro manicômio. – murmurei enquanto tirava um papel de uma das gavetas. — Minha mãe acha que pode ignorar as artimanhas do meu pai. E ele age como se fosse o dono do mundo. E eu fico no meio disso tudo, enlouquecendo.
— Hey... Volte para casa. Se entregue aos braços da sua amada. Eu cuido dos seus clientes. – disse Mariana. — Mude essa cara, Sarah. Não quero essa energia negativa na minha festa de noivado.
— Vou ficar bem. – respondi, tentando manter a compostura. Duas batidas na porta interromperam nossa conversa. — Pode entrar. – convidei, tentando disfarçar a ansiedade que começava a se instalar em meu peito. Minha mente estava agitada, imaginando quem poderia estar do outro lado da porta. Quando ela finalmente se abriu, meus olhos se arregalaram com incredulidade diante da figura que se revelou.
— Eu te liguei. – disse Ema com um tom ameno, embora seus olhos expressassem frustração.
— Uh... – Mariana estalou a língua. — Não deixe isso sem punição, Ema.
— Ema... – me levantei.
— Pode nos dar licença, Mariana? –interrompeu Ema, adentrando a sala.
— Claro. – concordou Mariana, lançando-me um sorriso malicioso antes de sair da sala.
— Ema, desculpe. Minha cabeça estava uma bagunça. – me justifiquei. Ema fechou a porta, e ao ouvir o clique da tranca, meu coração deu um salto.
— Mariana está certa. – começou Ema ao caminhar em direção à mesa. — Eu te pedi para evitar confrontos. E... – ela respirou fundo. — Você saiu de casa agindo como uma louca descontrolada. Fiquei muito preocupada com suas atitudes. Não quero que você se prejudique por minha causa. Se isso acontecer... Vou preferir sair da sua vida.
— Não, Ema. Por favor, me desculpe. – fui até ela e segurei suas mãos. — Por favor, amor. Só quero devolver a vida que injustamente roubaram de você.
— Não voltarei à polícia se isso significar prejudicar sua carreira. Entende? – ela me olhava nos olhos.
— Sim, mas defender as pessoas é o meu trabalho. – respondi.
— Não sou sua cliente. Sou sua namorada. E estou te pedindo para parar de agir impulsivamente. Vamos lidar com seu pai sem recorrer às estratégias sujas dele, certo?
Assenti com a cabeça e abracei Ema.
— Só quero te ver fazendo o que gosta. – disse ela.
— Eu sei, mas por enquanto, quero que você se concentre em nosso relacionamento, não se preocupe com minha carreira. Estou bem. E continuarei bem, esteja eu na polícia ou não. – afirmou Ema.
— Jura? – olhei nos olhos dela.
— Juro. – Ema esboçou um pequeno sorriso. — Posso ser uma policial má no privado, entre as paredes do nosso quarto.
Sorri ao ouvi-la.
— Diz de novo.
— Policial má?
— Não, nosso quarto. Nossa casa... Nossa vida. – toquei o rosto de Ema.
— Nosso quarto.
— Queria estar em nosso quarto agora, nua sobre a cama com você, beijando cada centímetro do meu corpo. – confessei.
— Bem, eu comi, mas ainda há espaço para um pãozinho com manteiga.
Ri ao ouvi-la.
— Nunca pensei que achasse sexy essa frase saindo da boca de alguém. – brinquei.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora