Capítulo II

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Dirigi até o motel, parei a viatura próxima à portaria e abaixei o vidro da janela.
— Olá, sou a policial Ema Campos. Recebi uma denúncia sobre disparos de arma de fogo em um dos quartos do motel e estou aqui para averiguar.
— Ah, claro... Foi o gerente que ligou para a polícia. – informou o porteiro.
— Onde posso encontrá-lo? – questionei, apoiando o braço sobre a porta do carro.
—  Ele está na recepção. Pode seguir direto, na bifurcação, vire à esquerda. – o porteiro orientou.
— Certo. – avancei com o carro, seguindo as orientações do funcionário. Seu rosto me era familiar, provavelmente o tinha visto em algum evento da cidade ou até mesmo no supermercado. Santa Mônica não era uma cidade grande, tinha poucos eventos e locais de entretenimento. Os adultos desfrutavam de momentos alegres nas quermesses da igreja, enquanto os mais jovens exploravam a única boate da cidade e participavam de festas particulares entre amigos.
Adentrando a recepção, notei olhares curiosos. Um homem, acompanhado por três mulheres, chamou minha atenção pela vestimenta. Ele era o único que não usava um uniforme, levando-me a deduzir que fosse o gerente. Uma das mulheres parecia desempenhar o papel de recepcionista, enquanto as outras duas provavelmente eram camareiras.
— Finalmente, você chegou. – o homem dirigiu-se a mim, seus cabelos grisalhos e figura robusta destacavam-no. Seus olhos, me buscavam com uma mistura de preocupação e impaciência.
— Sou a Ema. E o senhor... – fui interrompida.
— Sou o Frederico, mas pode me chamar de Fred. Foi com você que conversei por telefone?
— Sim. – assenti com a cabeça.
— Você não é jovem demais para ser uma policial? – ele me olhava intrigado.
— Não, senhor. Tenho 27 anos. – respondi, mantendo minha postura altiva.
— Onde estão os outros policiais? – Frederico me encarava em busca de resposta.
— Estou sozinha, mas não se preocupe, se necessário, chamo reforço policial. – falei com confiança, sem mencionar que meu reforço era apenas um colega, que naquele momento, poderia ter retomado o sonho com Megan Fox.
Frederico coçou a nuca e respirou fundo, percebendo que eu era tudo o que ele tinha e precisava confiar em mim.
— Vamos lá. Não permiti que ninguém fosse até o quarto. – disse ele, movendo-se em direção à porta.
— Conseguiu identificar em qual quarto houve o disparo? – indaguei, seguindo-o.
— Sim, te levo até ele. – ele saiu pela porta da recepção, e eu o segui.
— Quando chegarmos ao local, o senhor deve se afastar. – avisei.
— Tudo bem. – ele concordou.
— Quantos quartos estão ocupados? – indaguei, apressando-me ao caminhar. Notei que os portões das garagens dos quartos estavam abertos e sem automóveis em seu interior.
— Bem, depois dos tiros, os clientes que ocupavam os quartos foram embora, mas não vi ninguém sair do quarto 9. Foi lá que ocorreram os disparos.
— O funcionário que está na portaria sabe quem estava no quarto 9?
— Ele me disse que eram duas mulheres, mas não sabe os nomes delas. – Fred respondeu.
Andamos por mais alguns metros, até que Frederico parou.
— Este é o quarto.
A garagem estava vazia como as demais, porém, pude notar marcas recentes de pneus no chão.
— Se afaste. Se a pessoa que atirou estiver aqui, pode haver novos disparos. – comuniquei antes de adentrar o local, colocando minha mão direita sobre o coldre do meu revólver. Olhei em direção à única porta a minha frente e caminhei silenciosamente até ela. Bati duas vezes na porta. — Polícia. Abra a porta. – ordenei, sem obter resposta. Empunhei o meu revólver e girei a maçaneta lentamente, abrindo-a cautelosamente. A luz do cômodo estava apagada, mas pude ouvir grunhidos. Apontei a arma em direção ao breu. — Quem está aí? – os grunhidos soaram mais altos em resposta. Tateei a parede buscando o interruptor. Ao encontrá-lo e acender a luz, meus olhos foram surpreendidos: havia uma mulher amordaçada e vendada, presa por correntes à cama. Sua vestimenta era mínima, apenas uma calcinha e um sutiã de renda vermelha com transparência. Abaixei a arma, buscando compreender a situação. Aparentemente, não havia nenhuma perfuração de bala nela. Segui para o banheiro, conferindo se alguém se escondia lá, e encontrei o local desocupado. Em seguida, dei passos até a cama, precisava verificar se a mulher estava bem. — Eu sou da polícia. Me chamo Ema. Vou tirar sua mordaça e sua venda. – guardei meu revólver no coldre e retirei a venda da jovem, os olhos da dela se encontraram com os meus. O verde parecia intenso, era evidente que ela estava assustada. — Vou remover sua mordaça — avisei, antes de abaixar a mordaça de couro preto.
— O que você fez com a minha mestra? Ela está bem? Me diga, por favor. – ela indagou com preocupação na voz.
— Sua o quê?! – franzi o cenho, confusa.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now