Capítulo LXVI

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Sarah ocupou meu lugar. Na verdade, minha mente estava tão perturbada naquele momento que não me senti apta para a função. Sarah pegou uma via pouco movimentada, parecia prestes a sair da cidade, mas mantinha nosso destino em segredo, apesar dos meus questionamentos.
Quando finalmente parou o veículo, ela saiu sem me informar onde estávamos.
— Sarah... – desisti ao ver a porta se fechar e desci do carro também. Sarah estava à frente, tirando os saltos altos e abandonando-os pelo caminho. Estávamos sobre um pequeno viaduto, com um rio fluindo abaixo. Os arredores eram despovoados, apenas mata de um lado e do outro. Parecia um caminho alternativo para a rodovia, certamente pouco usado à noite, pois o movimento de carros havia ficado para trás há bastante tempo.
Sarah se aproximou do peitoril que delimitava um dos lados do viaduto, subindo sobre a estrutura de concreto, me deixando preocupada.
— E se eu pular, Ema? Você pula também?
— Sarah, não faça isso. – dei passos em direção a ela.
— Espero que pule. – Sarah se jogou de braços abertos.
— NÃO, SARAH! – gritei enquanto corria em direção ao peitoril, apoiando minhas mãos nele e me inclinando na direção do vazio. Sarah já havia desaparecido de vista, mergulhando na escuridão da água. Apenas a luz do luar iluminava o rio abaixo. Rapidamente, desci o zíper das minhas botas, tirei o casaco e o deixei ao lado dos calçados. Em seguida, subi no peitoril, respirei fundo e, com os olhos fechados, dei um salto, sentindo o frio cortante e o vento me atravessarem enquanto mergulhava na água escura. Por um momento, meus pés não tocaram o fundo, então comecei a nadar de volta à superfície.
Ouvi risadas ecoando pela noite enquanto meus olhos procuravam por Sarah na margem do rio, encontrando-a molhada e iluminada apenas pela tênue luz da lua. Seu semblante estava radiante, como se o mergulho repentino tivesse revigorado sua energia.
— Belo mergulho. – ela disse com um sorriso travesso, desafiando minha preocupação com sua calma aparente.
— Eu deveria... – suspirei, incapaz de completar minha frase diante da mistura de alívio e irritação que inundava meus pensamentos.
Sarah desceu uma das alças do vestido, revelando uma expressão de desafio em seus olhos.
— Vem me esquentar, Ema. – ela me provocou, desafiando-me a resistir à tentação.
— Adianta eu pedir para você não fazer isso? – indaguei, sentindo-me impotente diante da sua determinação.
— Você sabe como conseguir o que quer. Me ordene, Ema. – Sarah abaixou a outra alça do vestido, expondo seus ombros delicados ao frescor da noite.
— Sarah, estamos no meio do nada. – tentei argumentar, ainda relutante em ceder à sua provocação.
— Exatamente. – ela respondeu com um sorriso malicioso, deixando o vestido cair aos seus pés, ficando apenas de calcinha.
— Sabe por que não ordena que eu pare? Porque você quer que eu continue. – sua voz estava impregnada de um desafio sedutor que me fazia estremecer.
— Na-não. – gaguejei, lutando contra a atração que pulsava em minhas veias.
— Vem me pegar, Ema. – Sarah deu passos em direção à mata, desafiando-me a resistir à tentação que ela representava.
— SARAAAAH! – berrei em vão, minha voz ecoou na noite enquanto eu nadava em direção à margem. Ao sair do rio, o frio intenso me fez tremer, e eu cerrei a mandíbula para tentar conter os arrepios que percorriam meu corpo enquanto avançava em direção à mata. Uma lembrança amarga da última vez que saí em busca de Sarah surgiu em minha mente.
Adentrei o desconhecido, dessa vez, sem lanterna, confiando apenas na minha determinação.
— Ema. – Sarah me chamou, sua voz me guiou até ela. Encontrei-a quase nua, com as costas apoiadas no tronco de uma árvore. Um sorriso malicioso dançava em seus lábios.
— Pode me ajudar, patrulheira? – ela provocou, seu olhar brincalhão despertando uma mistura de sensações dentro de mim.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora