Capitulo CXXVI

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(Sarah narrando)

Há alguns anos atrás...

Percorri um dos corredores da imponente faculdade, com uma bolsa de couro acomodada em meu ombro direito. Dentro dela, além dos itens de maquiagem e protetor solar para enfrentar o dia, estavam também três volumosos livros de Direito. O tilintar dos meus saltos ecoava pelo corredor, enquanto eu me preparava mentalmente para mergulhar nos estudos e nas experiências acadêmicas que me aguardavam.
Quando as portas do elevador se abriram, um grupo de cinco pessoas saiu, deixando apenas uma figura imponente: uma morena alta de olhos azuis. Nossos olhares se cruzaram brevemente antes que as portas começassem a se fechar. Instintivamente, corri e gritei, deixando a etiqueta de lado. A morena segurou uma das portas para mim e, ao entrar, me recostei em uma das paredes.
— Obrigada. – agradeci, ainda um pouco ofegante.
— Por nada. – ela respondeu, desviando o olhar para o celular por um instante. — Respira lentamente, sente seu diafragma em ação.
— Para quê? – perguntei, franzindo a testa.
— Você está com a respiração acelerada. – ela disse, sua voz era calma, porém imponente. Seus olhos azuis fixavam-se em mim com intensidade, como se tentassem decifrar o pensamento que passava pela minha mente.
— Ah, entendi. – respondi, observando-a com curiosidade. — Eu precisei ir até a secretaria, porque esqueci em qual andar fica minha sala. Tive um dia agitado, esqueci até que as aulas da pós começariam hoje. – sorri, mas percebi que ela não correspondeu, seu rosto permanecia sério, como se ponderasse minhas palavras.
— Você está no lugar certo? – ela questionou.
— Sim, minha pós em Direito Criminal começa hoje. – respondi entusiasmada.
— Direito criminal? Você é advogada? – ela perguntou.
— Sim, não parece? – fiquei intrigada.
— Parece muito animada para alguém que passa o dia imersa em burocracia. – ela comentou antes de sair do elevador. Novamente, segurou a porta. — Estamos no quarto andar.
— Obrigada por avisar. Estava distraída tagarelando e esqueci de conferir o andar. – agradeci ao sair do elevador. — A propósito, meu nome é Sarah Rodrigues.
— Mariana Félix. – ela respondeu, andando pelo corredor.
— Adorei seu nome. – sorri, seguindo-a. — Quanto ao que disse, tento não levar os problemas do trabalho para casa, sabe?
— Já ganhou alguma causa, Sarah? – ela me olhou com desconfiança. — Não confio em advogados sorridentes.
— É mesmo? – peguei meu cartão na bolsa e ofereci para Mariana. — Que tal pesquisar meu registro? Tenho certeza que vai se surpreender com esta advogada sorridente. – pisquei para ela.
— Você é um tanto exibida. – Mariana recebeu meu cartão e conferiu meus dados. — Como alguém com alma de unicórnio como você consegue separar o trabalho da vida pessoal?
— Sendo sincera, acho que minha vida pessoal é tão complicada que minha vida profissional se torna tranquila. É fácil lidar com criminosos quando se tem uma relação turbulenta com um pai que acha que é um Deus. – confessei.
— Que é seu pai? – ela começou.
— Desculpe, acho que falei demais. Toda vez que as pessoas descobrem quem é meu pai, elas me tratam diferente. – respondi.
— Seu pai é chefe do tráfico? – ela indagou.
— Não! Meu pai trabalha na política. – respondi.
— Entendi. Melhor que fosse chefe do tráfico. – seu comentário me fez rir.
— Estou um pouco cansada de ser vista apenas como filha dele. Quero que as pessoas me respeitem pelo que sou, não por causa do meu pai, entende?
— Entendo, mas que mal há em aproveitar as vantagens? Você não pediu por isso, não é mesmo? Acha que eu estaria me esforçando se fosse filha de um político? Eu adoraria surfar no nepotismo. – ela disse.
— Você é advogada? – perguntei.
— Sinceramente, tenho percorrido as diversas ramificações do direito. Atrevi-me a atuar como advogada familiar por um curto período, quase enlouqueci. No entanto, foi na área criminal que me encontrei. – ela respondeu, revelando um pouco de sua jornada profissional.
— Sério?! – sorri, surpresa.
— Sim.
— Meu Deus! Já amo você. – ri.
— Bem, tenho namorada, mas nada me impede de ter uma noite tórrida de sexo a três. Algo contra mordaças e algemas? – ela sugeriu.
— Não é desse jeito que amo você, tá? Só quero dizer que gostaria da sua amizade. – comentei, ainda no corredor.
— Amizade? Sexo é importante para fortalecer a amizade. – ela afirmou.
— Sendo sincera, nem sei se ainda sei fazer sexo. Estou há uns cinco meses sem transar. Parece que o sexo ficou monótono, sabe? Será que estou com problema de libido? – comentei.
— Bem, antes de considerar reposição hormonal, sugiro que tente algo diferente. – Mariana sugeriu.
— Tipo o quê?
— BDSM.
— Uma vez fui até uma casa, onde praticantes se reúnem, mas tive um pouco de receio de ficar com alguém. E se eu fosse pra cama com uma sádica? E se ela me amarrasse e me deixasse à míngua para morrer após me foder?
— Isso não seria BDSM. Quanto ao sadismo, está falando com uma sádica. Se sente amedrontada perto de mim? – ela perguntou.
— Não.
— Então, não fale atrocidades. – ela repreendeu. — No intervalo, podemos conversar sobre o assunto. Agora, vamos estudar. – ela prosseguiu, dirigindo-se à sala de aula.
Nossa amizade floresceu naturalmente durante os meses em que percorremos aqueles corredores. Rapidamente nos tornamos confidentes, como melhores amigas na classe, mas com a ressalva do tom mais sério dos professores. Em pouco tempo, compartilhávamos o mesmo espaço no prédio comercial, unindo-nos profissionalmente. Nosso vínculo se transformou em uma verdadeira irmandade. Através de nossas conversas esclarecedoras, ganhei confiança para cultivar aquilo que antes era apenas uma faísca dentro de mim. Apesar da nossa intimidade, nunca cruzamos a linha para algo mais. Ambas concordávamos que seria prejudicial para nossa relação. Não precisávamos de intimidade física, pois já tínhamos um laço emocional inquebrável.

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Olá! Espero que estejam bem.

Eu sei que estava devendo uma atualização, mas infelizmente alguns problemas surgiram e não pude postar.

Mais tarde, finalmente será lançado o tão aguardado capítulo: "Ema dominatrix". Será que a boa moça tem aptidão para isso?

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now