Capítulo CXLVI

315 34 3
                                    

Naquele mesmo dia pude ver Ema, deitada, imóvel em sua cama. A angústia apertava meu peito enquanto segurava sua mão esquerda, acariciei seus cabelos e depositei beijos suaves em seu rosto. Sussurrei palavras de desculpas e promessas de proteção em seu ouvido, prometendo estar ao seu lado quando despertasse.
Nos dias que se seguiram, cumpri minha promessa, visitando Ema diariamente. No terceiro dia, Catarina adentrou o quarto, e meu instinto me fez levantar da poltrona.
— O que faz aqui? Não tenho nada para falar contigo. Se Ema está viva, não é por sua causa. – minha voz saiu carregada de chateação.
— Entendo seu receio. Seu próprio pai causou esse sofrimento à sua namorada. – Catarina aproximou-se da cama de Ema. – Vai permitir que seu pai fique impune?
— Quero que você e esse maldito sistema se fodam. – interrompi, tomando a frente. – Você não pode proteger nem a si mesma. Saia daqui e busque outra forma de por meu pai na prisão. Não testemunharei contra ele. Sabe por quê? Ele mataria a Ema e sairia impune.
— Sabe quantas garotas foram vítimas do esquema do seu pai? – Catarina me confrontou.
— Lamento por elas, mas serei egoísta o suficiente para priorizar a minha vida e a vida de Ema. É responsabilidade sua e das autoridades punir meu pai, isso se forem capazes. – minha resposta foi firme.
— Posso convocá-la para o julgamento de seu pai assim que reunirmos todas as evidências. – ela retrucou.
— Fique à vontade, mas negarei tudo. Procure outra pessoa para cooperar, estou fora disso. Tenho passado os piores dias da minha vida. Olhe para Ema. Acha que ficaremos seguras se depusermos contra meu pai?
— Deixe que ela decida por si mesma. Voltarei todos os dias até que ela acorde. Ema é policial, não se acovardará. – Catarina insistiu.
— Se quer se colocar em perigo, faça isso sem arrastar Ema junto. – minha voz ecoou com exasperação enquanto ela deixava o quarto.
No final do meu quarto dia de visita, encontrei meu pai no estacionamento do hospital.
— Ouvi dizer que Ema pode acordar a qualquer momento. – ele comentou.
— O que está fazendo aqui? – confrontei-o. — Não ouse tentar entrar no quarto de Ema. Nick está com ela e me ligará se você ou qualquer estranho tentar algo.
— Estou aqui em uma missão de paz. – ele levantou as mãos, exibindo-se em seu terno cinza. — Já que você está pensando em se casar, encontrei alguém para ser sua parceira. Casamento com separação de bens, é claro. Não se pode confiar em ninguém nos dias de hoje. Mas vou ajudar a realizar seu sonho.
— Você está fora de si? Eu só vou me casar com a Ema. – retruquei.
— Não, acho que não fui claro o suficiente. Ou você se casa com a pessoa que escolhi para você, ou assim que Ema acordar, será levada para a penitenciária feminina. Afinal, ela tentou matar alguém e fingiu seu próprio sequestro para extorquir dinheiro da nossa família. Uma verdadeira atriz, não acha?
— Você nunca conseguirá incriminá-la. Eu a defenderei. – afirmei.
— Quer mesmo arriscar? Eu aposto que venço. Se Ema sobreviver à prisão, mesmo que seja inocentada depois, os boatos destruirão sua reputação. – meu pai sorriu com um ar de vitória.
— Que baixeza. – resmunguei.
— Serei generoso com você. Fique casada com a pessoa que escolhi por um ano, depois poderá pedir o divórcio e se casar com quem quiser.
— Por que um ano?
— Descobrirá quando for conveniente para mim.
— Você deixará Ema em paz? – perguntei.
— Claro.
— Eu aceito, mas não quero cerimônia, apenas um casamento simples no cartório. Se não puder concordar com isso, não farei.
— Tudo bem, mas darei uma festa para meus amigos. – ele disse.
— Ainda me surpreendo com sua falta de escrúpulos. Está fazendo isso apenas para aborrecer a Ema.
— Não, estou fazendo por mim.

CONTINUA...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now