Capítulo VI

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— Oi, Srta. Policial. – disse ela, sugando um pouco da bebida enquanto me observava.
— Eu vou... Eu vou ao banheiro. – anunciou Nicolas, abandonando-me.
— Não estou no serviço, sou apenas Ema neste momento. – respondi à jovem.
— Hm. – ela abaixou a taça. — Quase não a reconheci. Está diferente fora da delegacia. Mas quando fui pegar uma bebida, vi o seu amigo te chamando de Ema. E me lembrei que a policial que invadiu meu quarto no motel tinha esse nome.
— Lamento, na próxima vez, te deixo presa à cama até o amanhecer. – respondi. Ela sorriu sem mostrar os dentes.
— Bem, pode ser divertido.
— O que quer comigo? – cruzei os braços. O barman havia se afastado, e estávamos longe da agitação das pessoas que dançavam.
— A bebida era um pedido de desculpas. Eu desmenti você perante o delegado. Isso deve ter te chateado.
— Não, pouco importa o que aconteceu no motel. Tenho assuntos mais interessantes para lidar.
— Eu soube que você foi suspensa. Eu não quis te prejudicar. Eu só...
Interrompi ela.
— Já basta. Não vou aceitar suas desculpas. Cumpri meu trabalho. Minha suspensão foi injusta. – falei, chateada.
— Eu sei, Ema, mas precisa entender que certas coisas devem continuar ocultas.
— Está falando da sua parceira de... – respirei fundo, impaciente. — Não ligo para o que fazem entre quatro paredes, só não quero ser envolvida nisso novamente, entendeu? – encarei a jovem.
— Entendi. – ela fez um leve aceno com a cabeça. — A propósito, me chamo Sarah. Te daria meu cartão, mas não o trouxe. Se precisar de uma advogada, estou à sua disposição.
— Advogada? – estreitei os olhos.
— Sim. Já ganhei muitos casos. Pode confiar na minha competência. – ela voltou a soltar o líquido da taça.
— Não preciso de uma advogada. – respondi.
— E de uma companhia para hoje?
— Do que está falando?
— O jeito que você me olhou no motel... Você gostou do que viu. Estou te dando a oportunidade de me conhecer melhor. Além disso, quem sabe mude de opinião sobre mim.
— Não tenho interesse em você.
— Você é durona. – Sarah sorriu, mostrando os dentes. — Eu gosto disso em você.
— Não quero a sua simpatia. E, se me der licença, já estou de saída. – dei passos na direção da pista.
— Ela é loira.
Me virei para trás ao ouvir Sarah.
— Por que está me dizendo isso agora?
— Vai me dar sua atenção? – Sarah indagou.
— Depende, tem algo relevante para me dizer? – questionei. Ela assentiu com a cabeça.

***

estacionamento da boate, a atmosfera era mais tranquila e silenciosa. Pude ouvir melhor Sarah, que estava sentada no capô do seu carro, um sedã prata. Ela estava com as pernas cruzadas. Cruzei os braços, posicionando-me à sua frente.
— Sou toda ouvidos. Fale o que sabe sobre a atiradora do motel.
— Como mencionei antes, não conheço o rosto dela. Nunca tive permissão para vê-lo. Quando estávamos juntas no carro dela, eu precisava manter os olhos fechados. No quarto, ela usava uma máscara branca que cobria o rosto, tornando difícil enxergar até seus olhos. No entanto, eu conseguia ver seu cabelo, que era loiro e liso.
— Você disse lá dentro da boate que certas coisas precisam ficar ocultas, mas agora está falando sobre a sua parceira comigo. Por que está fazendo isso?
— Você parece confiável. E, além disso, ela não será mais minha mestra. Vou romper o contrato. – Sarah respondeu.
— Quando fala sobre um contrato. Está se referindo a documentação registrada? – indaguei.
— Como mencionei, sou advogada. Fizemos um contrato que fosse benéfico para ambas as partes. Funcionou por um tempo, mas o incidente no motel me fez ver o óbvio. Ela não é a pessoa ideal para mim. Ela me abandonou, ignorando uma cláusula crucial do nosso acordo, deixando-me sozinha e vulnerável.
— Você a defendeu para o delegado. E agora, resolveu mudar de ideia sobre ela? – questionei, intrigada.
— Não desejo mal a ela. Tivemos bons momentos juntas, mas agora acabou. Ela seguirá a vida dela, e eu seguirei a minha. – Sarah respondeu.
— Pretende ir embora, já que a relação de vocês terminou?
— Não sei o que farei. Talvez, eu fique mais um tempo. Meu escritório tem alguns clientes importantes aqui. – disse Sarah. — E... Bem, gostaria de sair com você.
— O que disse? – franzi a testa.
— Podemos comer algo em algum lugar?
— Está sugerindo um encontro?
— Estou. – Sarah se levantou, ficando mais próxima de mim. Seus saltos nos deixavam quase na mesma altura.
— Isso parece inadequado.
— Por quê? – Sarah me olhava nos olhos. — Você não pretende jantar? Que mal teria jantar comigo?
— Você pratica algo que eu não compreendo muito bem.
— É só um jantar, Ema. – Sarah disse em tom mais suave, fazendo-me esquecer dos preconceitos. Naquele momento, ela parecia ser apenas uma mulher comum, propondo algo aparentemente agradável.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora