Capítulo CXL

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8 dias depois...

Acordei em uma cama de hospital e, ao tentar erguer o tronco, percebi imediatamente que meu braço direito estava imobilizado. Além disso, uma leve sensação de dor acompanhou cada uma das minhas respirações.
— Estou viva? – questionei a mim mesma. Logo, Sarah se levantou da poltrona do quarto e veio até mim, abraçando-me com força, enquanto chorava copiosamente.
— Ema, você quase me matou de susto. – ela afastou-se e bateu suavemente em meu ombro.
— Aai... Você vai me desmontar assim. – sorri fraco.
— Como ousa brincar? Eu te procurei por dois dias inteiros. Sabe o que passou pela minha cabeça quando a polícia bateu na minha porta? Achei que iam dizer que você tinha morrido.
— Dois dias? Quanto tempo se passou, Sarah? – perguntei confusa.
— Mais de uma semana. Você foi encontrada desacordada em uma fábrica abandonada. O Nick estava acorrentado, desidratado e fraco. Vocês ficaram quase 48 horas lá. Você tinha três costelas quebradas e inúmeras escoriações, além de uma contusão na cabeça. Você passou mais de seis dias em coma induzido. Seu cérebro estava inchado. Você tem ideia de como meus dias foram infernais?
— Me desculpa? Eu juro que tinha decidido deixar pra lá, mas o seu pai...
— Ema, esquece o meu pai. A polícia está no corredor, tem uma investigadora querendo falar com você, mas você vai ficar calada e vai me deixar resolver o seu problema, entendeu? – Sarah segurou uma das minhas mãos, e pude notar uma aliança em seu dedo anelar da mão esquerda.
— Sarah, o que significa isso? A gente casou? Eu não lembro de nada. Eu estou com danos cerebrais?
— Não casamos, Ema. – Sarah respirou fundo. — Podemos falar sobre isso depois que você sair do hospital?
— O que você fez, Sarah? – segurei o pulso dela, encarando-a.
— Eu fiz o que precisava fazer, Ema. Você seria acusada de tentativa de homicídio se eu não... – Sarah olhou para baixo. — Eu casei com alguém escolhido pelo meu pai. Se eu não fizesse isso, você sairia daqui direto para a penitenciária. A Lourdes sofreu uma tentativa de homicídio dentro da nossa casa. Havia seu DNA na faca, Ema. – Sarah voltou a me olhar.
— Não, eu não tentei matar ninguém. Eu juro, Sarah. – balancei minha cabeça negativamente.
— Eu sei, mas havia seu DNA na faca, e vocês estavam sozinhas. Plantaram provas contra você, Ema. E eu sabia que você ia acabar presa, e antes que eu pudesse provar sua inocência, você estaria morta.
— Por que a Lourdes me acusou?
— Por medo. Ela foi embora. Nem ao menos quis falar comigo. Meu pai deve ter coagido ela. E o único meio que encontrei de impedir que você fosse presa, foi concordando em fazer a vontade do meu pai.
— Você casou com um estranho para me proteger? Não deveria ter feito isso, Sarah. – suspirei. — E agora?
— Ema, me escuta, eu vou dar um jeito de anular o meu casamento. Não houve consumação, eu e ela nem ao menos dormimos no mesmo quarto. Eu só queria ganhar tempo para você se recuperar.
— Ela? Quem é ela? – perguntei intrigada.
— Euzinha. – Norman entrou pela porta. — Já está na hora de largar sua amante, sabe? Eu sou uma pessoa de mente aberta, mas você tem passado tanto tempo com sua amante moribunda. Isso está começando a me irritar.
— Que droga, Norman! Eu já mandei você ir embora daqui. – Sarah avançou em direção à Norman e empurrou-a pelos ombros, fazendo-a sair do quarto.
— Isso é uma brincadeira de mal gosto? Claro! O inchaço do meu cérebro está me fazendo delirar. – levei as mãos ao rosto.
— Ema, eu não sabia que ela era que meu pai havia escolhido. Ele e o pai da Norman fizeram algum tipo de aliança política e estão nos usando. A própria Norman casou comigo por imposição do William.
— Ah, claro! Ela não está se divertindo com isso. – ironizei. — Era melhor ser presa do que ver você casada com a Norman. Isso é um pesadelo, Sarah. – falei com pesar.
— Amor, eu já te disse que não consumir a droga desse casamento. Eu vou te levar pra nossa casa. Você só precisa ignorar a Norman como eu faço. Logo ela vai voltar para Santa Mônica, tá? – Sarah se aproximou da cama. — Só tenha um pouco de paciência, tá bom?
— Você está me pedindo para morar com vocês? – indaguei incrédula.
— Estou, eu não tenho o direito de te pedir isso, mas você sabe que eu te amo. E eu me sentiria mais forte para atravessar esse inferno se você estivesse ao meu lado.
— Você realmente está me pedindo para ser sua amante?
— Ema, eu preciso de você. Eu não consigo aguentar todo esse fardo sem você. Por favor, fica comigo. – Sarah insistiu, deitando a cabeça sobre minhas pernas.
— Ok... Você está nessa situação por minha causa. Eu farei o que você quer. – passei a mão no cabelo de Sarah.
— Ema, eu senti tanto a sua falta. – Sarah me olhou com os olhos marejados e me abraçou.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora