Capítulo XXIX

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Nos juntamos a Mariana na cozinha. Ela cobria torradas com queijo, sobre uma bandeja na bancada da cozinha.
— Amor, temos visita. – disse Daniele, indo até a namorada. Mariana me olhou sobre ombro.
— Bom vê-la de novo.
— Espero não estar atrapalhando vocês. – enfiei as mãos nos bolsos dianteiros da calça e olhei ao redor. — Precisa de ajuda?
— Não, mas abrigada. Apenas sente e relaxe. – disse ela, levando as torradas para o forno.
— Amor, a Ema nos chamou para ajudar ela a comprar as barracas. – disse Daniele, próxima a Mariana.
— Podemos ir. – Mariana virou-se na direção de Daniele, apoiou as mãos na cintura da mesma e deslizou-as até a parte traseira das coxas. Logo as subiu por baixo do vestido azul, descobrindo a pele cor de amêndoa. Suas mãos pararam sobre as nádegas de Daniele. Os lábios de ambas se uniram em um beijo breve. — Eu tenho uma bela mulher, não tenho Ema?
— Claro... Com todo o respeito. – respondi, um tanto sem jeito.
— Nos conhecemos há alguns anos. – Mariana me olhou. — Quando a vi. Eu senti meu coração bater mais rápido. Eu sabia que havia encontrado a mulher da minha vida. Já sentiu isso, Ema? Já olhou para alguém e soube naquele momento que era a pessoa certa para você?
— Talvez. – respondi.
— Você é um docinho, meu amor. – Daniele enroscou os braços no pescoço de Mariana. — Eu soube que você era a pessoa certa para mim, no momento que me fez ver estrelas naquele quarto de motel. Você marcou a minha pele e a minha alma. Ninguém fica mais sexy que você com um chicote na mão.
— Você é deliciosa, meu amor. – Mariana aproximou o rosto do pescoço de Daniele, chupou-o fazendo a morena gemer. Suas mãos apertavam as nádegas.
— Bom... Eu posso ir comprar as barracas sozinha. – dei um passo para trás.
— Não. – Mariana me olhou. — Iremos com você. – tirou suas mãos do corpo de Daniele. — Vejo que fica envergonhada conosco.
— Bem, parece que sempre estou segurando vela. – brinquei.
— Não está. – Mariana andou até a mesa. — Vamos nos conhecer melhor? Eu já falei um pouco sobre mim, gostaria de saber mais sobre você.
— Não tenho nada de interessante para falar. Sou policial, moro aqui há uns 4 anos. Não tenho irmãos. E...
— O que te faz achar que será uma boa dominatrix? – Mariana me interrompeu.
— Sendo sincera, a Sarah tem mais confiança nisso do que eu. Nunca pensei sobre isso até conhecê-la. – me aproximei da mesa.
— Você nos acha pervertidas? – Mariana se sentou e cruzou as pernas. Sua postura era elegante.
— Não, de modo algum. – sentei do outro lado da mesa. — Eu pesquisei um pouco sobre o assunto. E Sarah me falou algumas coisas também. Existem regras, estou certa?
— Sim.
— Ema, você poderia ser uma boa dominatrix. – disse Daniele. — Certamente, a Sarah teve a mesma percepção que estou tendo. – ela se aproximou da mesa e sentou ao lado da namorada.
— Existem regras para uma relação respeitosa. – Mariana mostrou a mão direita. — Um, consentimento. – enumerou, mostrando um dos dedos. — Em hipótese alguma fazemos algo sem a concordância da parceira. Dois... Não colocamos a vida da outra em risco. Três...
— Espere, o que a Norman fez se enquadra nisso? Ela feriu uma regra? – indaguei.
— A Norman é uma pirralhinha brincando de dominadora. Ela gosta da sensação de ter alguém fazendo as vontades dela, mas não tem o mínimo comprometimento com a prática. Ela é um desserviço para a comunidade. – respondeu Mariana. — Agora, podemos prosseguir?
— Claro.
— Três. – Mariana mostrou com os dedos. — Negocie. Veja o que pode ou não fazer com sua escrava.
— Escrava? – abri um pouco mais os olhos.
— É só um termo, Ema. Submissa, escrava... Senhora, mestra... Entende? Apenas nomes para identificar os papéis.
— Hm. – cruzei os braços.
— Quatro e cinco. Comunicação e segurança. Respeite os limites da sua parceira e sempre preze pela segunda dela. Existe técnicas que você precisa aprender, você não vai querer machucar a Sarah, vai?
— Jamais. – respondi.
— Sufocar pode ser excitante, mas sem a técnica pode ser muito perigoso. Então, não faça isso até saber como fazer. – Mariana aconselhou me olhando.
— Tá, eu não havia pensado em fazer isso. – respondi.
— Em sexto, aftercare. Precisa cuidar da sua submissa após a sessão. Limpe, trate os ferimentos e dê apoio emocional.
— Espere, você disse trate os ferimentos? Isso não infringe nenhuma regra? – indaguei confusa.
— Não, se for consentido. – disse Mariana.
— Às vezes, ficamos marcadas durante as sessões, e após o fim, cabe a dominadora fazer os cuidados necessários. – acrescentou Daniele.
— Entendi.
— Sem dúvidas? – Mariana indagou.
— Na verdade, são tantas dúvidas que não sei o que perguntar primeiro. – respondi esboçando um sorriso.
— É compreensível. – Mariana se levantou. — Quando estivermos fora da cidade, pode ir até nossa casa. Te mostrarei o nosso quarto secreto.
— Quarto secreto?
— É maravilhoso! – Daniele disse com empolgação. — Precisa vê-lo. Temos de tudo.
— Tá, eu vou apenas para conhecer. Eu não pratico swing.
— Nós também não. – Daniele respondeu. — Eu castro a Mari se ela se foder com alguém sem o meu consentimento. Não fazemos troca de casal, apenas incluímos uma ou duas pessoas durante o sexo. E isso não é uma regra. É algo que ocorre às vezes, no geral somos o suficiente uma para a outra.
— Ah, eu espero ser o suficiente para a Sarah sempre. Não gosto da ideia de vê-la se envolvendo com outra pessoa. – respondi.
— Sarah é como uma cadela doméstica. Leal e sempre pronta para servir. Cuide dela e não terá que se preocupar com ela servindo outra dona. – disse Mariana indo em direção ao forno.
— Ela não se ofende com você chamando-a assim? – indaguei.
— Por que se ofenderia? Ela sabe que é uma cadela. – Mariana respondeu.
— Hm.
— Posso parar de chamá-la assim. Você será a dona dela, pode estabelecer seus limites. Inclusive, me dizer como tratá-la. Da mesma forma como não tolero que outras pessoas usem linguagem inadequada com a Dani, apenas eu tenho permissão para fazer isso.
— Ok... Prefiro que não chame a Sarah dessa forma.
— Isso, você entendeu direitinho. – Mariana sorria.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now