Capítulo CXX

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Acordei ao sentir um toque nas costas e ao erguer a cabeça, percebi que havia adormecido na cozinha. Diante de mim, um copo meio cheio de uísque. Recordava-me de ter me servido e sentado à mesa, dominada pela decepção e preocupação. Agora, Lourdes estava ao meu lado, tentando entender por que eu estava ali, com as vestes da noite anterior e com uma expressão de ressaca.
— Ema, está tudo bem? – perguntou ela.
— Não. – levantei-me. — Mas obrigada por perguntar. – deixei a cozinha e dirigi-me ao quarto. Sarah ainda estava dormindo. Tomei um banho e escovei os dentes para disfarçar o cheiro de álcool. Deitei-me sob as cobertas e dispensando o roupão. Sarah virou-se na cama após um bocejo e um espreguiçar, abraçando-me com ternura.
— Bom dia, amor. Que horas chegou?
— As três horas. – respondi.
— Sério? Mal dormiu. – Sarah acariciou meu rosto. — Quer falar sobre a noite agora ou mais tarde?
— Foi péssima, Sarah. Tive uma discussão com o Nick. Acho que fui dura demais, mas como posso impedi-lo de se machucar? Ele está agindo como um garoto imprudente.
— Amor, o Nick é adulto. Deixe-o tomar suas próprias decisões. – Sarah apoiou a cabeça no meu ombro.
— Ele está se colocando em perigo por causa da Verônica. Nem sequer me ouve.
— Claro, você não deu a ele o que ela deu. – Sarah sorriu. — Você não o entende? Eu entendo. Eu travaria batalhas por você.
— Sarah, suspeito que o dono da boate esteja envolvido em algum esquema. O lugar não é bem uma boate,  parece mais um bordel gourmetizado.
— O quê? – Sarah franziu a testa. — Vou matar o Nicolas, mas primeiro vou torturá-lo. Ele te levou para um bordel! – ela bufou.
— Estou bem, ok? Sem arranhões.
— Hm. – Sarah sentou-se na cama, voltando-se para mim. — Você conversou com alguma das moças?
— Bem... Fui para o bar e algumas delas apareceram. Falei apenas com uma delas.
— Sobre o quê?
— Ela mencionou minha "vibe" gay.
— Ah, mesmo? – Sarah cruzou os braços. — Ela deve ter um radar bem afiado.
— Verônica me resgatou e mencionou você.
— Você não disse que era comprometida?
— Não, achei melhor não prolongar o assunto mais do que o necessário. – respondi.
— Então, querida, prolongue. Se necessário, abra meu perfil nas redes sociais, fale sobre mim. Diga o quanto é completamente apaixonada por mim. Faça um monólogo, mas deixe claro que seu coração... ou melhor, todos os seus órgãos, são meus.
Esbocei um sorriso.
— Isso soa bastante possessivo.
— Sou possessiva. Quero saber quem é essa fulaninha que quer pegar você.
— Não estou interessada nela.
— É bom mesmo, Ema Campos. Você é minha.
— Posso ser um pouco minha também?
— Não, só minha. Eu cuido melhor de você.
— Certo. – beijei a cabeça de Sarah. — Ainda temos algum tempo, não é?
— Sim, posso ficar em casa até às 9 horas. Depois vou para o escritório, e quando eu voltar, quem sabe, você me leva para o "dark room" e me faz voltar exausta e toda marcada para o trabalho, obviamente em locais que meus clientes não possam ver. Preciso manter a fama de advogada séria, mesmo que, no fundo, eu seja apenas sua vadia.
— Uau. – ri.
— Ema, me chame de vadia. Vai, por favor. – Sarah pediu.
— Assim? Do nada?
— Sim, por favor. Hoje, acordei com vontade de ser humilhada por você.
— Sarah, não sei se consigo fazer isso. – respondi.
— Por favor, tente. Se não se sentir confortável, pode parar. – Sarah sentou-se sobre mim.
— Devo formular uma frase?
— Faça como quiser. Apenas me trate como uma vadia.
— Espere... – pigarreei, tomando coragem. — Sarah, você é uma...
— Diga.
— Uma... Sarah, não consigo. Estou envergonhada. Como posso tratá-la assim? Não trataria nenhuma mulher dessa forma. – argumentei.
— Quer me deixar excitada?
— Sim.
— Então, diga.
— Ok. – respirei fundo. Fechei os olhos por um instante, concentrando-me. Quando os abri, virei-me na cama, deixando Sarah por baixo. Minha mão direita foi para seu pescoço. Meus olhos encontraram os dela. — O que uma vadia como você faria para me agradar?
— Qualquer coisa, senhora. – Sarah respondeu, exibindo um olhar de satisfação.
— Tire a camisola. E é bom que esteja sem calcinha. Vadias como você precisam estar sempre prontas para serem tocadas por suas donas.
— Estou sem calcinha, senhora. – disse ela. — Use-me o quanto você quiser. Adoro ser o seu brinquedo.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora