Capítulo CLVII

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Fechei a porta do quarto. Um suspiro pesado escapou de meus lábios, o eco da discussão ainda reverberando em meus ouvidos. Sarah estava ali, parada ao lado da cama, como uma estátua imersa em seus próprios pensamentos. Seus olhos, normalmente tão intensos, pareciam perdidos em algum lugar distante, refletindo a turbulência de suas emoções internas.



- Chega de fazer acordos. - comecei, enquanto caminhava na direção de Sarah. - Você sabe que seu pai jamais aceitará nosso casamento após seu divórcio. Estou exausta, Sarah. É sempre a mesma história. Júlio ultrapassou todos os limites há muito tempo. Alguém precisa dar um basta nisso.



- Ema, a investigadora está colhendo provas. Ela vai...



- Você realmente acredita nisso? Porque eu tenho minhas dúvidas. Eu tentei, Sarah. Mas, olha só para mim. - continuei, minha voz carregava frustração. - Ganhei hematomas, um braço machucado e alguns dias em coma. Seu pai deixou bem claro que estou viva porque ele quis assim. Estou no meu limite. A justiça não será feita se eu ficar de braços cruzados.



- Eu não gosto dessa situação tanto quanto você, mas estou fazendo o possível para resolver. Eu só preciso de tempo. Seja paciente. - Sarah implorou.



- Sarah, entenda uma coisa. Não poderei esperar um ou dez anos. Terei que esperar até seu pai morrer. E estou à beira de apressar as coisas. - confessei com um nó na garganta.



- Ema... - Sarah me olhou com espanto.



- Estou cansada de ser boazinha. Eu só me ferro, Sarah. Chega. Se Júlio quer o pior de mim, então ele terá o meu pior lado. - declarei com determinação.



- Você não pode simplesmente achar que matar alguém resolve as coisas. - Sarah argumentou, desesperada.



- Eu não vou continuar essa conversa. Estou com a minha cabeça atordoada. Eu só quero um pouco de tranquilidade. - respondi, fechando os olhos por um momento para conter as lágrimas.



- Eu fiz o que pude para te proteger. - Sarah suspirou. - Acha que eu teria casado com a Norman de outro modo?



- Vamos para outro lugar, ao menos por hoje - sugeri, tentando oferecer um lampejo de esperança.



- Eu deveria me sentir bem aqui, mas desde o dia que minha casa foi invadida, parece que deixou de ser o meu porto seguro. - Sarah confessou, suas palavras externavam sua angústia.



- Eu sei. - me ajoelhei diante dela, tocando gentilmente seu rosto com a mão esquerda. - Vem comigo?



Sarah acenou positivamente com a cabeça, e eu enxuguei suas lágrimas com os dedos suavemente, desejando poder aliviar sua angústia.



- Aonde você for, Ema. - murmurou ela, sua voz estava embargada pela emoção.



- Desculpe, Sarah. Eu só precisava desabafar. Não queria te machucar. - sussurrei, abraçando-a com ternura, sentindo o calor de seu corpo contra o meu.



- Você sabe que eu queria estar casada com você, mas deu tudo errado. E agora, eu estou perdida, Ema. - Sarah soluçou.



- Não chora. É só um papel, né? Não vou deixar a droga de um papel mexer tanto comigo. O que importa é o que a gente sente. E eu sinto que ninguém é capaz de destruir o que eu sinto por você. - declarei com convicção, segurando-a com firmeza.



- Jura? - Sarah me apertou com força, procurando segurança em meus braços.



- Sim. - murmurei, sentindo um misto de dor e conforto.

CONTINUA...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora